segunda-feira, 22 de julho de 2013

AS 14 CONSOLAÇÕES DE LUTERO (Parte I)


CATORZE CONSOLAÇÕES

Dr. Martinho Lutero

 
 

Introdução

Em 1519, o Príncipe Frederico, o Sábio, da Saxônia adoeceu gravemente, chegando muitos a pensar que viria a morrer. O capelão da Corte, Espalatino, pede então a Lutero para que redigisse um texto de consolo para o príncipe. Este assim o faz e o envia em 22 de Setembro do mesmo ano.

Frederico, defensor de Lutero e grande admirador de sua obra, ainda se mantinha preso a alguns costumes e doutrinas romanas, como, por exemplo, o amor as relíquias sagradas, das quais se podia ter consolo, cura e até mesmo salvação. Como Lutero então poderia tratar esta situação?

A Igreja da época ensinava que havia 14 santos considerados auxiliares nas mais diversas necessidades: Acácio, Egídio, Bárbara, Blásio, Cristóvão, Ciríaco, Dionísio, Erasmo, Eustáquio, Jorge, Catarina, Margarete, Pantaleão e Vito. Lutero então, sabendo que o príncipe tinha diante de si os 14 santos que protegiam na doença não se atém a imagem ou ao que ela representa, mas sim, apresenta diante de seu senhor, consolações firmadas naquele que é o único e verdadeiro Consolador.

Lutero, com este escrito, mostra que a fuga ilusória do sofrimento para os santos não tem valor; o ser humano tem de se confrontar com a realidade. Assim, Lutero estrutura a sua obra em duas grandes partes com 07 pontos cada: sete males e sete bens. Com os sete males é apresentada a situação do ser humano que somente é limitada pela solidariedade de Cristo, que santifica o sofrimento. Já, os sete bens, são aplicados à situação do ser humano. Por meio da Palavra, lhe são dados paz e companhia de Deus. Mesmo no inferno, Deus castiga e liberta. Através do mal Deus continua a agir.

O Deus que jamais abandona o ser humano e continua junto dele mesmo no sofrimento é a linha vermelha que perpassa todas as 14 Consolações de Martinho Lutero; um texto que nos inspira e nos ensina que não é só possível suportar o sofrimento, mas também amá-lo![1]

 

Ao Ilustríssimo Príncipe e Senhor Frederico

            Jesus Cristo nos legou: “Devemos prestar obras de misericórdia ao aflitos e as vítimas de calamidades; que visitemos os que estão prostrados em doença; que nos esforcemos pela liberdade e prestemos ao nosso próximo todo o tipo de serviço pelo qual os males do presente sejam aliviados”. O próprio Jesus é o maior exemplo desse mandamento ao realizar a sua Obra em prol do ser humano.

            Quando o ser humano sofre, ele jamais sofre sozinhos, Cristo sofre junto dele. É a própria voz de Cristo que clama em seus gemidos. O próprio Cristo assim se colocou, ao afirmar: “O que fizestes ao menor dos meus, a mim o fizeste” (Mt 25.40).[2]

 

Prefácio

            Paulo, em Romanos 15.4 nos ensina que toda a consolação deve ser buscada nas Sagradas Escrituras; pois somente as Escrituras nos ensinam e nos agracia com aquilo que precisamos e ainda nos guarda de males que nos afeta e nos protege e cuida diante da dor e do sofrimento.[3]



Continua...
 
Helvécio José Batista Júnior
 
 
 




[1] DREHER. Martin; Introdução as Catorze Consolações de Martinho Lutero. In LUTERO. Martinho; OS Vol. II – O Programa da Reforma, Escritos de 1520. CIL – Ed. Concórdia, Porto Alegre, RS e Ed. Sinodal, São Leopoldo, RS. p. 11 – 13. 1989.
[2] LUTERO. Martinho; Saudação ao Príncipe Frederico, Duque da Saxônia, Eleitor do Sacro Império Romano. In LUTERO. Martinho; OS Vol. II – O Programa da Reforma, Escritos de 1520. CIL – Ed. Concórdia, Porto Alegre, RS e Ed. Sinodal, São Leopoldo, RS. p. 14 – 15. 1989.
[3] LUTERO. Martinho; Prefácio as Catorze Consolações. In LUTERO. Martinho; OS VOL. II – O Programa da Reforma, Escritos de 1520. CIL – Ed. Concórdia, Porto Alegre, RS e Ed. Sinodal, São Leopoldo, RS. p. 16. 1989.

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