CATORZE CONSOLAÇÕES
Dr. Martinho Lutero
Introdução
Em
1519, o Príncipe Frederico, o Sábio, da Saxônia adoeceu gravemente, chegando
muitos a pensar que viria a morrer. O capelão da Corte, Espalatino, pede então
a Lutero para que redigisse um texto de consolo para o príncipe. Este assim o
faz e o envia em 22 de Setembro do mesmo ano.
Frederico,
defensor de Lutero e grande admirador de sua obra, ainda se mantinha preso a
alguns costumes e doutrinas romanas, como, por exemplo, o amor as relíquias
sagradas, das quais se podia ter consolo, cura e até mesmo salvação. Como
Lutero então poderia tratar esta situação?
A
Igreja da época ensinava que havia 14 santos considerados auxiliares nas mais
diversas necessidades: Acácio, Egídio, Bárbara, Blásio, Cristóvão, Ciríaco,
Dionísio, Erasmo, Eustáquio, Jorge, Catarina, Margarete, Pantaleão e Vito.
Lutero então, sabendo que o príncipe tinha diante de si os 14 santos que protegiam
na doença não se atém a imagem ou ao que ela representa, mas sim, apresenta
diante de seu senhor, consolações firmadas naquele que é o único e verdadeiro
Consolador.
Lutero,
com este escrito, mostra que a fuga ilusória do sofrimento para os santos não
tem valor; o ser humano tem de se confrontar com a realidade. Assim, Lutero
estrutura a sua obra em duas grandes partes com 07 pontos cada: sete males e
sete bens. Com os sete males é apresentada a situação do ser humano que somente
é limitada pela solidariedade de Cristo, que santifica o sofrimento. Já, os
sete bens, são aplicados à situação do ser humano. Por meio da Palavra, lhe são
dados paz e companhia de Deus. Mesmo no inferno, Deus castiga e liberta.
Através do mal Deus continua a agir.
O
Deus que jamais abandona o ser humano e continua junto dele mesmo no sofrimento
é a linha vermelha que perpassa todas as 14 Consolações de Martinho Lutero; um
texto que nos inspira e nos ensina que não é só possível suportar o sofrimento,
mas também amá-lo![1]
Ao Ilustríssimo
Príncipe e Senhor Frederico
Jesus Cristo nos legou: “Devemos
prestar obras de misericórdia ao aflitos e as vítimas de calamidades; que
visitemos os que estão prostrados em doença; que nos esforcemos pela liberdade
e prestemos ao nosso próximo todo o tipo de serviço pelo qual os males do
presente sejam aliviados”. O próprio Jesus é o maior exemplo desse mandamento
ao realizar a sua Obra em prol do ser humano.
Quando o ser humano sofre, ele
jamais sofre sozinhos, Cristo sofre junto dele. É a própria voz de Cristo que
clama em seus gemidos. O próprio Cristo assim se colocou, ao afirmar: “O que
fizestes ao menor dos meus, a mim o fizeste” (Mt 25.40).[2]
Prefácio
Paulo, em Romanos 15.4 nos ensina
que toda a consolação deve ser buscada nas Sagradas Escrituras; pois somente as
Escrituras nos ensinam e nos agracia com aquilo que precisamos e ainda nos
guarda de males que nos afeta e nos protege e cuida diante da dor e do
sofrimento.[3]
Continua...
Helvécio José Batista Júnior
[1] DREHER. Martin;
Introdução as Catorze Consolações de Martinho Lutero. In LUTERO. Martinho; OS Vol. II – O Programa da Reforma,
Escritos de 1520. CIL – Ed. Concórdia, Porto Alegre, RS e Ed. Sinodal, São
Leopoldo, RS. p. 11 – 13. 1989.
[2] LUTERO.
Martinho; Saudação ao Príncipe Frederico, Duque da Saxônia, Eleitor do Sacro
Império Romano. In LUTERO. Martinho; OS
Vol. II – O Programa da Reforma, Escritos de 1520. CIL – Ed. Concórdia,
Porto Alegre, RS e Ed. Sinodal, São Leopoldo, RS. p. 14 – 15. 1989.
[3] LUTERO.
Martinho; Prefácio as Catorze Consolações. In LUTERO. Martinho; OS VOL. II – O Programa da Reforma,
Escritos de 1520. CIL – Ed. Concórdia, Porto Alegre, RS e Ed. Sinodal, São
Leopoldo, RS. p. 16. 1989.
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